Eu acredito no poder da fotografia.
As lentes da máquina são novos ângulos, novos pontos de vista para mundos opostos, paralelos, separados por muros de dinheiro. E preconceito.
As lentes de uma máquina fotográfica não têm preconceito. Elas estão sempre dispostas a fotografar o milionário e o indigente, o político e o rebelde.
O fotógrafo nada mais é que um instrumento dos botões e das engenhocas que desejam revelar aos mais cegos os mistérios do mundo, as belezas camufladas e as verdades dissimuladas.
O papel brilhante contém a alma do instante e a necessidade de se registrar as nuances do ser humano, dos seres.
Registra o movimento de um beijo, a rapidez de um resgate, a crueldade de uma captura e a dor da escravidão. A escravidão...
A fotografia aprisiona o momento no papel, mas liberta quem a aciona, despertando a esperança de que a cena jamais será esquecida.
A fotografia abre novos horizontes e revela ao homem que os olhos não são nada... sem as lentes.
Mais do que qualquer língua falada e ou escrita, a fotografia é uma linguagem universal. Se você ver a foto de capa de uma revista, em um golpe de vista já sabe, em parte, do que se trata a matéria e os assuntos tratados na revista independente da língua em que está escrita. A fotografia é um produto pós industrial, uma superfície que carrega uma informação e pretende representar algo, geralmente algo que se encontra presente no espaço e tempo, onde através de ferramentas como a imaginação e a câmera fotográfica, conseguimos abstrair duas das quatro dimensões, e fazer com que se conservem apenas as dimensões do plano, a isso damos o nome de imagem. Desta forma, fotografia é um processo que nos permite criar e recriar imagens do mundo, imprimindo a elas uma intenção muitas vezes inconsciente e que chamamos de visão, a intenção e visão de um fotografo quando usada com espontaneidade esta diretamente relacionada à sua vivencia, experiências e conhecimentos adquiridos ao longo da vida, por esse motivo a fotografia feita por um fotografo difere da mesma fotografia feita por outro. E essa diversidade de visões diferentes, muitas vezes sobre um mesmo tema é o que torna o ato de fotografar tão fascinante e inesgotável, visto que tudo, absolutamente tudo que está presente no mundo é de certa forma fotografavel e em muitas culturas a fotografia esta tão relacionada ao ser humano, que não possuir fotografias da infância, juventude e fase adulta, além de ser quase impossível, pode ser interpretado como uma falta de memória e ou de descaso com a vida. A fotografia é um registro e um documento incontestável de que algo realmente aconteceu, isso é preocupante quando fotos adquirem uma importância maior do que o acontecimento que deu origem a fotografia, há uma inversão de valores e passamos a nos servir de imagens (idolatria). Para o idolatra a fotografia substitui os eventos por cenas, e nesta busca por cenas passa a ser um operário das câmeras, aquele que aperta o gatilho compulsivamente e quer reter o mundo em sua câmera, esquece-se que mais importante que fotos, são os eventos que dão origem a elas. A câmera então passa a ser um jogo, onde cada vez mais vamos dominando os controles, como tudo no mundo é fotografavel, fotografar em um jogo onde o objetivo principal parece ser o de esgotar o jogo e suas possibilidades, a cada foto aumentamos as realizações e diminuímos as possibilidades.